segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

O ano de 2010 começou para o Botafogo com um cenário incerto. O elenco que escapou do rebaixamento em 2009 com uma vitória na última rodada foi bastante modificado na intertemporada, com as contratações dos atacantes Sebastián "El Loco" Abreu e Germán Herrera encarnando as maiores esperanças da torcida alvinegra para que o ano que se iniciava fosse melhor do que aquele que passou.

E, de fato, 2010 foi melhor que 2009. O clube faturou o título estadual ganhando tanto a Taça Guanabara quanto a Taça Rio e terminou o Campeonato Brasileiro tentando uma vaga na Copa Libertadores da América até a rodada derradeira, quando fracassou diante do Grêmio no estádio Olímpico.

O Botafogo de Futebol e Regatas pode ter o seu desempenho em 2010 analisado em torno das três derrotas que a equipe sofreu no estádio Engenhão. A primeira aconteceu na 3ª rodada da Taça Guanabara: na estréia de "Loco" Abreu e ainda sob o comando do treinador Estevam Soares, a equipe tomou de 6a0 do Vasco da Gama e virou alvo de chacota, sendo considerado pela grande maioria dos analistas futebolísticos como a 4ª força do Rio de Janeiro, sendo praticamente colocado como carta fora do baralho na disputa pelo caneco estadual. Essa sonora goleada abalou o time e provocou a demissão de Estevam Soares. A relação entre a torcida e os jogadores estava minada, o que pode ser exemplificado pelas faixas estendidas nas arquibancadas que pediam as saídas nominais de Alessandro, Fahel, Lúcio Flávio, entre outros, sobrando inclusive para a diretoria. Porém, com a contratação do lendário Joel Santana, o time foi acumulando resultados positivos ao ponto de surpreender a todos com a conquista da Taça Guanabara: a equipe tão criticada venceu o Flamengo na semifinal (2a1, de virada) e, na final com o mesmo Vasco da Gama que o goleara semanas antes, uma vitória por 2a0 garantiu ao time o bicampeonato no estádio Maracanã.

Jogando um futebol pouco vistoso mas altamente funcional, o Alvinegro foi fazendo as pazes com a torcida. Porém, viria uma nova derrota no estádio Engenhão (a segunda das três ocorridas no ano). Dessa vez, o impacto não estava no placar, mas no que o resultado representou: naquele 3a2 para o Santa Cruz, o Botafogo era eliminado da Copa do Brasil por uma equipe que disputa a Série D brasileira. Quase que automaticamente, a torcida ficou novamente temerosa e passou a desconfiar de que um novo vice-campeonato no Rio de Janeiro pudesse estar a caminho do clube da Estrela Solitária. Estrela Solitária que foi desfalcada no plano terreno mas que ganhou um reforço de peso no plano celestial (lugar das estrelas): o falecimento de Armando Nogueira, um dos maiores cronistas do futebol brasileiro, causou comoção no cenário esportivo. E foi de lá de cima que Armando assistiu o título da Taça Rio: naquela vitória por 2a1 sobre o Flamengo, num Maracanã de maioria botafoguense, o Alvinegro conquistava o título estadual mais uma vez, acabando com a sina de cair no momento decisivo diante daquele mesmo adversário. Além do desabafo de "é campeão!", o grito que caracterizou aquela conquista foi o provocativo "cadê o Império do Amor?".

Aquele momento histórico, que contou com cavadinha de Abreu em cobrança de pênalti (marcando 2a1 para o Botafogo) e intervenção heróica do goleiro Jéfferson (evitando o empate ao defender cobrança de pênalti de Adriano), fez a torcida relevar a eliminação na Copa do Brasil e focar no Campeonato Brasileiro, que teve início com um empate por 3a3 com o badalado campeão paulista, o Santos Futebol Clube, que também faturaria a Copa do Brasil. Entre tropeços (leia-se número elevado de partidas empatadas), grandes resultados (como as vitórias sobre o São Paulo, no Morumbi, e Santos, no Pacaembu) e grandes atuações (cito aqui mais fortemente a vitória por 3a0 sobre o Atlético Mineiro, no Engenhão), o Botafogo foi caminhando na parte de cima da tabela, com chances de título até as últimas rodadas. Mas o início da queda de rendimento da equipe coincidiu com as contusões de Maicosuel (maior reforço da equipe na temporada, numa negociação cara no que tange ao futebol brasileiro) e Marcelo Mattos (jogador que não foi derrotado uma única vez com a camisa do Botafogo). Após dois empates consecutivos (com Ceará e Avaí, ambos fora de casa), a equipe passou a objetivar a conquista de uma vaga na Libertadores, que somente seria possível a partir da 4ª colocação na tabela de classificação (posição que o time freqüentou por diversas rodadas).

Veio, então, a terceira - e última - derrota no estádio Engenhão. Era a primeira derrota da equipe dentro de casa no Campeonato Brasileiro. Placares adversos acontecem no futebol, mas com o Botafogo parece haver sempre de ocorrer algo de diferente, que torne o acontecimento pouco casual: naquele 2a1 para o Internacional, a equipe colorada levou um time recheado de reservas, pois já estava com a cabeça voltada para a ocorrência do Mundial de Clubes. A bem da verdade, aquele resultado nem foi muito comemorado pela torcida alvirrubra, pois beneficiou diretamente o Grêmio, concorrente do Botafogo na disputa por vaga na Libertadores 2011. E, conforme visto no segundo parágrafo, fracassamos no confronto direto diante desse mesmo Grêmio.

O ano de 2010 vai terminando e hoje o Botafogo tem uma base mais forte que a herdada no início da temporada. Nomes como Jéfferson, Marcelo Mattos, Maicosuel, Herrera e Abreu são tidos como unanimidades, algo que em 2009 só era visto em torno de Jóbson (nome que está no mesmo campo semântico de "polêmica" e que não faz parte dos planos do clube para 2011). Outro fato relevante é o de a diretoria estar conseguindo honrar os compormissos financeiros em dia e declarando publicamente a intenção de manter essa política.

Botafoguenses do céu e da terra, um feliz 2011! Confiemos sempre, os deuses do futebol podem estar armando algo de muito bacana para todos nós.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quando a saída é um reforço: até mais, Lúcio Flávio

Após 239 partidas realizadas e 64 gols marcados, o meia Lúcio Flávio despede-se do Botafogo nesse ano de 2010. O contrato do jogador, com vencimento em 31 de dezembro desse ano, não foi renovado e o atleta já acertou transferência para o futebol mexicano, onde atuará pelo Atlas.

Dividindo opiniões, Lúcio Flávio colecionou episódios onde era vaiado e aplaudido pelo público presente nos jogos do Alvinegro. A seu favor, a boa técnica e precisão nos lances de bola parada. Contra, a lentidão que muitas vezes se convertia em omissão.


Campeão estadual em 2006 e em 2010, Lúcio só não ficou cinco temporadas consecutivas no Glorioso pois teve rápida passagem pelo Santos em 2009, onde rapidamente caiu em desuso sob alegação de "insuficiência técnica". Com boa visão de jogo, creio que o jogador já deva preparar o terreno para quando pendurar as chuteiras, talvez até na função de treinador, quem sabe. Como meio-campista, sua carreira provavelmente está se encaminhando para o final. O "até mais" no título da postagem é pensando nisso, porque no que tange a área interna das quatro linhas, adeus, Lúcio Flávio.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Afinal, quem precisava da vitória?

Joel Santana conseguiu se superar na última rodada pela Série A 2010. Não satisfeito em escalar times com um único jogador para a criação de jogadas, dessa vez o treinador alvinegro optou por abrir mão de um atleta com essas caracterísitcas: eram três defensores somados a três volantes e dois alas. Dessa forma, como fazer a bola chegar em dignas condições para a dupla de atacantes? Acabou que o jogador que mais participou do jogo foi o goleiro Jéfferson, que mesmo sofrendo três gols acabou evitando uma goleada ainda maior.

Nesse período inter-temporadas, cabe refletir. Em 2009, tínhamos um elenco fraco mas que suou a camisa para conseguir alcançar o objetivo de permanecer na Série A. Em 2010, um elenco visivelmente mais encorpado (porém bastante desfalcado devido a diversas lesões) teve chances de ser campeão até as últimas rodadas e entrou no jogo derradeiro podendo entrar na zona da Libertadores. Não conseguiu. Se tivesse todas as peças à disposição, as chances seriam maiores para Joel conduzir esse time a uma colocação melhor. Mas nosso comandante precisa pensar sobre o que representa o fato de insistir com uma mentalidade defensivista. É bem verdade que tal filosofia de jogo funcionou no primeiro semestre e foi coroada com o título estadual. Mas, no Brasileirão, os melhores momentos do Botafogo aconteceram quando a equipe jogava sem medo de ser feliz, como na goleada por 3a0 sobre o Atlético Mineiro, por exemplo.

Temos uma base a ser mantida para o próximo ano, que creio necessariamente incluir Jéfferson, Alessandro, Antônio Carlos, Fábio Ferreira, Marcelo Cordeiro, Leandro Guerreiro, Marcelo Mattos, Maicosuel, Caio, Herrera e "Loco" Abreu. Alguns desses estão no clube por empréstimo, o que pode dificultar a permanência em General Severiano. Há também o (caso) Jóbson, que precisa ser avaliado com particular cautela.

A torcida quer novas conquistas para 2011 e, para atender essa demanda, será necessário que atuemos como quem efetivamente precisa da vitória. Essa atuação passa pela diretoria, pela comissão técnica, pelo elenco e pelas arquibancadas. Afinal, estamos juntos de um clube que não pode perder, perder para ninguém.

Saudações alvinegras.